O CACHIMBO DO FRANCES

André Emmanuel Deschrevel nasceu na França, mas passou sua infância e juventude na Bélgica, onde estudou e especializou-se em fiação e tecelagem.  Convidado por um empresário Frances ele veio para o Brasil no inicio da década de 40 do século passado para ajudar na montagem da Companhia São Patrício aqui em Araucária. Esta companhia era especializada no beneficiamento de linho e deu um grande impulso no desenvolvimento da cidade. O Sr. André trouxe consigo uma coleção de cachimbo, da qual, com muito orgulho, ele falava serem uns dos melhores do mundo, pois eram fabricados com madeiras especiais principalmente com raízes de roseiras da Antuérpia. Estes cachimbos eram resistentes ao fogo, não exalavam mau cheiro {embora o Sr. André só usava fumo especial} e eram substituídos diariamente ficando de molho no conhaque até serem usados novamente. O Sr. André era um exímio atirador, ele possuía uma coleção de armas, e uma delas era uma pistola que calçava 11 balas calibre 22 curtos. Certo dia estávamos pescando no Rio Iguaçu, e após uma forte chuva de verão começaram a descer garrafas e latas vazias boiando na superfície da água o Sr. André atirou onze vezes e acertou todas entre uma distancia de 25 a 30 metros. Para manter esta boa pontaria ele sempre treinava tiro ao alvo, vivia com os bolsos cheios de munição e quando estava em algum lugar que não tivesse perigo praticava em pequenos alvos para cada vez ficar melhor. Outro hobby que ele tinha, era fazer horta e jardim. Certo dia entre uma enxadada e outra ele resolveu dar uma cachimbada, pegou seu cachimbo que estava no bolso da calça, sem notar que uma bala da pistola tinha entrado no fornilho do pito ele colocou fumo, acendeu e continuou a capina. Após umas cinco tragadas o calor dentro do pito fez a bala explodir e por sorte o projétil deve ter saído para cima não atingindo o tabagista, somente lhe deu um grande susto e afundou seu dente pré molar que depois de sarado ajudava segurar melhor a piteira entre os dentes, afirmava o Sr. André.
Na foto acima da para observar o estrago que a explosão fez no cachimbo e pela força do destino esta relíquia encontra-se novamente em sua terra de origem decorando a lareira da casa do meu filho que mora em Tervuren que é perto da Antuérpia na Bélgica, onde o Sr. André adquiriu este e outros da coleção.
 
Moacir Kaminski com seu filho Marcio. No meio o Sr. André com um de seus caximbos da coleção, à direita: Rogerio Jasiocha

 
O gosto de fumar cachimbo ele deve ter herdado do seu pai como mostra a foto: o Sr. François Corneille Deschrevel fumando um cachimbo ladeado pela sua esposa Laura Petillon  e a  irmã mais nova do Sr. André , Madame Reine Grave (atualmente com 88 anos morando em Estaires, França). Estaires também foi a cidade onde nasceu o Sr. André no dia 7 de Setembro de 1913. Em companhia de August Salmon e Luiz Becue, no ano de 1937 vieram para o Brasil para dar início na fundação da Cia São Patrício em São Paulo. O Sr. André sempre comentava que fazia aniversário no dia da Independência do Brasil, se estivesse vivo, este ano ele estaria comemorando 100 anos de idade junto com os 191 anos de independência do Brasil.
 Sra. Ada e Sr. André Deschrevel, noivos em São Paulo na década de quarenta
 
Dona Ada e Sr. André, ano de 1995 em Araucária.
 
 


 

Comentários

  1. Na hora da cachimbada e o tiro o Sr.André deve ter levado mesmo foi um belo susto. Interessante como a história se torna uma comédia depois de anos passados. São momentos que realmente merecem ser relatados.

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