O Local

Em 1895, o Dr.Cândido Ferreira de Abreu, Diretor  de Colonização do Paraná fundou a colônia Antonio Olinto,no município da Lapa. Este nome foi dado em homenagem ao Dr. Antonio Olyntho, então Ministro de Obras Públicas. Até esse tempo a localidade era conhecida como Água Amarela, São José do Colaço ou Membéca. O município de Antonio Olinto só foi criado em 23 de Julho de 1960 e emancipado em 24 de Outubro de 1961. A colônia foi dividida em 400 lotes de dez alqueires ao longo de diversas linhas. Foi na linha Candido de Abreu, também chamada de "Canebreu" pelos moradores do local, na maioria ucrainos e poloneses, que eu adquiri a propriedade. O terreno costeia o rio, ele é o último a ser acessado por uma precária estrada secundária sem cuidado nenhum. Quando chovia entrar ou sair com veículo automotor só mesmo acorrentado ou contando com a ajuda de trator ou uma boa parelha de bois. Os vizinhos José Kuka com seu trator e o Sr. Lorena com a parelha de bois, nos tiraram das encalhadas muitas vezes. Quando permanecíamos por lá e começava a chover os nossos vizinhos já ficavam de alerta para socorrer-nos tirando até a estrada principal que ficava a uns dois quilômetros morro acima. - Para quem tem espírito aventureiro estes percalços davam mais sabor às pescarias.  Uma vez chegando ao local, notava-se que a paz e a tranqüilidade é que reinavam. Não se escutava nenhum barulho indesejável como: fábricas, buzinas, automóveis e outros. O único ruído feito pelo homem era o tocar do berrante quando algum criador queria reunir o seu gado. As cidades mais próximas são Antonio Olinto a 20 quilômetros e Três Barras a 30 do outro lado do rio já no estado de Santa Catarina. O morador mais próximo do rancho fica a um quilômetro de distância. Muito se ouvia piados de perdiz na época do acasalamento, de inhambu no crepúsculo matinal e de urus no cair da noite quando estavam empoleirando, o canto soturno do urutau quando alimentava-se de insetos na beira do rio, o ronco dos bugios quando o tempo estava para chuva ou  disputavam uma fêmea, o uivar do graxaim nas noites claras, a barulheira das baitacas no pé de uva Japão fazendo a primeira refeição do dia. O gostoso era madrugar tomando chimarrão, ouvindo a cantiga dos galos da vizinhança e apreciando o Sol surgir entre as árvores. Do lado Oeste, forma-se uma leve depressão, e ao longo de alguns quilômetros levantam-se colinas, proporcionando um panorama indescritível no momento do pôr do Sol. Nas noites de lua cheia, a luz e o cintilar das folhagens, promovem uma verdadeira chuva de prata como àquela da canção Luar do Sertão interpretado pela famosa dupla sertaneja Tonico e Tinoco. No lado Sul, a uns duzentos metros esta o Rio Negro, onde desemboca o ribeirão Santos Andrade formando o único poço que é possível pescar do barranco. Do outro lado do rio existe um areal que forma uma bela praia (foi nesta praia que nosso amigo Mario ganhou o apelido de Mario Capivara). Os melhores pesqueiros ficam rio acima e no trajeto de uns dez quilômetros, existem três paredões de pedra, onde se formam bons poços para pescaria de lambaris. Ainda que caçadores existam na região, é possível encontrar capivaras, veados, lontras e raramente pacas vivendo na beira do rio. Apesar de ser um lugar de grandes reflorestamentos de pinus e eucalipto, a mata ciliar ainda é protegida.