Para falarmos sobre a construção do rancho, não vamos falar em etapas, e sim em pegadas, porque nada era planejado ou programado, somente na hora ou uns dois dias antes é que resolveríamos ir pescar e dar mais uma pegada na edificação do rancho. E assim é ate hoje com alguns companheiros daquela época e outros novos. Muitos já não estão entre-nos. Somente as boas ações que eles fizeram pelo rancho e os acontecimentos bizarros os fazem serem lembrados. Em capítulos separados contaremos as historias e estórias de cada um. Ainda em l983 demos início na construção. Nesta pegada inicial os primeiros companheiros a nos ajudar foram Fermino Franciosi e Pedro Cruz. Durante quase uma noite inteira foi feito um roçado para limpar o local e posteriormente construir o “chateau”. O Pedro, com uma foice roçava e o Fermino amontoava o roçado fazendo uma fogueira, que ao mesmo tempo em que ia queimando galhos e folhagem iluminava o trecho para o Pedro continuar roçando. Assim foi ate a madrugada quando fomos dormir de baixo de uma barraca de lona, previamente armada. Pela manhã, levantei e espetei duas voltas de salsichão vermelho e coloquei para assar nas brasas da fogueira que fizemos à noite, e também fazer um café tropeiro. No momento em que fui assustar o café, com um tição de brasa, também levei um susto ao ver na minha frente o Pedro Cruz, que acordou e saiu da barraca. O homem estava diferente de tudo que eu vi e ouvi falar na minha vida. Não parecia lobisomem, boitatá, curupira, padre ou mula sem cabeça. Não tinha com o que comparar. Aconteceu, que o Pedro, somente de bermuda roçava à noite só com a luz da fogueira, não percebeu que estava no meio de um amoral nativo que é imensamente espinhoso. Daí imaginem, a maior parte do seu corpo ficou marcada pela ação dos pequeninos e afiados espinhos. Eram risquinhos de cima para baixo, da direita para a esquerda, de traz para frente e assim por diante. Imaginem também a gritaria que ele fez após aceitar o conselho para passar álcool na parte do corpo que estava arranhada.
Ainda bem que não fui o conselheiro.
E o Fermino, só falava: este cara não sabe se cuidar.
Ainda bem que não fui o conselheiro.
E o Fermino, só falava: este cara não sabe se cuidar.
Ate a próxima pegada.
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