CHIMARRÃO NA REPÚBLICA TCHECA

Ótimo ambiente, excelente cozinha e bom atendimento me fez ficar um assíduo freguês do restaurante X Burguer, dirigido pelo meu amigo Luis Guidine, em União da Vitoria. Sempre que viajava para visitar meus clientes, após o expediente eu ia ate o X para degustar algum prato da grande variedade e com muita qualidade que o Luiz preparava e o garçom Sergio Ferreira nos servia.
No inicio de 1996 quando estive em União da Vitoria, como de costume fui ate o restaurante. Chegando, encontrei o Luiz Ubaldo dos Santos, técnico em informática e que acabara de instalar a internet para o Guidini. Eu leigo no assunto (não sabia nem ligar o computador) comecei indagar o técnico, e, ele perguntou o que eu queria saber. Pedi a ele que pesquisasse sobre meu sobrenome. No Brasil nossa família é pequena e sobre meu avô que veio da Polônia, pouco sabia-mos. Pesquisando no Google ele descobriu Robert Jasiocha na cidade Zamosc, região de Lublin, Polônia. Meu avô falava que tinha nascido nesta região, mas nunca citou o nome da cidade em que nasceu e pouco falava sobre seus parentes. Somente sabíamos do nome de seus pais e três irmãos que pó lá ele deixou quando veio para a América. Pelo email, mandei meu endereço e após trinta dias recebi uma carta do Robert. A partir daí ficamos trocando correspondências, fizemos nossas árvores genealógicas e chegamos à conclusão que éramos parentes.
Em 2001 meu filho Leandro, estava estudando em Oxford . Através do grêmio estudantil, ele conseguiu comprar um pacote para viajarmos ao Leste Europeu, com condições especiais para estudantes. Cheguei à Inglaterra com os vistos para entrar na República Tcheca e Hungria. Para a Polônia onde íamos visitar nossos parentes não havia necessidade de visto. Meu filho por ser neto de Francês, tem dupla cidadania, o que lhe isentava do visto para viajar aos países do leste europeu. Quando fomos tomar o avião em Londres com destino a Praga havia um overbook. A companhia aérea nos acomodou em um hotel, pagou todas as despesas e ainda nos indenizou com 300 libras cada um. Parte deste dinheiro meu filho colocou na carteira que acabou perdendo dentro de um teatro na cidade de Praga. Quando fomos à seção de achados e perdidos, nos devolveram só os documentos e 30 coroas tchecas o que daria para pagar uma passagem de metrô até o hotel, onde tínhamos nosso dinheiro guardado. Assim mesmo aproveitamos muito o restante da grana que havia sobrado, comprando presentes, lembranças e tomando um dos melhores chopes do mundo no país que é o maior consumidor per capta desta bebida.
Após nossa chegada, no quinto dia tomamos um trem em Praga com destino à capital Húngara. Para chegarmos a Budapeste tínhamos que cruzar parte da Eslováquia, e aí deu zebra. Na cidade de Coty, já na Eslováquia quando a polícia solicitou o passaporte e também o visto para entrar no país, eu não o possuía porque a empresa que nos vendeu as passagens recomendou somente os vistos Tchecos e Húngaros. Fizeram-nos descer do trem com nossas malas. Deixaram meu filho para fora e eu fiquei trancado em uma sala onde já havia três jovens chinesas e uma médica Argentina, com a qual, mais ou menos consegui me entender, e fiquei sabendo que seu esposo com cidadania Italiana, também estava para o lado de fora. Após três horas chegou novamente a polícia, escoltaram eu e a médica até um outro trem que nos levaria novamente à República Tcheca. Deportados, voltamos para a cidade de Breclave de onde pegamos outro comboio com destino á Warsóvia, porque acabamos desistindo de ir para Budapeste.
Ainda em Breclav, enquanto aguardávamos, o Italiano nos surpreendeu com um chimarrão que aprendeu fazer com sua esposa Argentina. Devido aos acontecimentos e ao frio que fazia naquela madrugada o chimarrão caiu tão bem, que posso garantir ter sido um dos melhores “mates” que tomei na vida. Inclusive comparando com os preparados pelos nossos irmãos gaúchos que entendem muito desta bebida, da qual também sou consumidor diário quando estou em casa.
Chegando a Warsóvia, conforme combinado fomos encontrar o Robert. No dia seguinte viajamos a Pulawi onde estávamos sendo aguardado pelo seu pai Sr. Tadeusz Jasiocha. Após almoçar no restaurante Alexandra fomos a Konskowola para visitar a igreja onde meu avô Wawrzyniec Jasiocha (Lourenço Jasiocha – no Brasil) foi batizado e guardando o livro de registro do seu nascimento em 25 de julho de 1882 (calendário Polonês). Naquela época os registros de nascimentos eram feitos em igrejas e escritos em russo. Em Zamosc, ficamos três dias hospedados na casa do Sr. Tadeusz visitando os castelos e outros pontos turísticos da região, Em Kazimiers Dolny visitamos a escola de agronomia que meu avô cursou na sua juventude. Em kurow visitamos a família de Wladislaw Chabros que são descendentes da irmã de meu avô. Em Lublin a maior cidade da região, visitamos o macabro campo de concentração Majdanek, onde durante a Segunda Guerra Mundial  milhares de vidas foram ceifadas, inclusive do quarto irmão de meu avô, do qual não tínhamos conhecimento antes de visitar este lugar de holocausto.
Em Agosto de 2008 voltei à Polonia para visitar minha filha que estava morando em Polkowice, região de Wroclaw e também  aproveitei para ver mais uma vez meus parentes e lugares dos quais estava com saudades. Sobre esta viagem vou escrever um capitulo a parte , as lindas cidades que visitamos e a recepção dada por aquele maravilhoso povo polonês.
Rogério, Leandro e Tadeusz Jasiocha – Em Pulawi






No centro - o Vigário responsável pela igreja onde está o Livro de registro do nascimento  de Lourenço Jasiocha, em Konskowola, Polonia.




Família Jasiocha em Zamosc. Na frente: Robert, Johanna e Leandro. Atrás: Janina, Tadeusz e Rogério
                                                                            









Em Breclav – Depois de sermos liberados e tomado aquele chimarrão. Esquerda para a direita: Leandro, a médica e seu esposo. 













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