Os Rabequistas

Quando eu comprei o terreno no “CANEBREU” (nome dado pelos moradores à linha Candido de Abreu em Antonio Olinto PR) com a intenção de construir um rancho para nos abrigar durante as pescarias no Rio Negro, o Augusto Skope foi uma pessoa que muito nos ajudou. Alem de ele ter apresentado seu tio do qual eu comprei o terreno, ele sempre nos acolhia em sua casa nos dando pouso e ajudando no que fosse preciso na época que estávamos construindo o rancho.
Normalmente a cada quinze dias eu, João Merka e às vezes mais um companheiro, com um Fusca 68 puxando uma carretinha com material para construção, íamos para lá.  Quando estava chovendo ficávamos na casa do Augusto, que era nosso visinho mais próximo (um quilometro). No dia seguinte com sua carroça ele transportava o material até o destino para que pudéssemos dar continuidade na construção.
As noites que pousamos na casa do Augusto, sempre foram muito divertidas. Ele gostava de tocar rabeca e sempre executava de cinco a seis musicas (todas iguais, sempre as mesmas). Quando parava de tocar ele pendurava o instrumento em um prego na parede ao lado do fogão e nos perguntava de qual moda  tínhamos gostado mais. Às vezes apareciam por lá seus vizinhos Miguel Marques e Felício Schuentko que também eram rabequistas, e tocavam as mesmas musicas do Augusto (tudo igual). A única coisa que mudava era a batida do pé do Sr. Miguel, porque era canhoto. Enquanto eles tangiam suas rabecas (somente solo, nunca quiseram executar em trio ou duo) gostavam de tomar licor de cacau ou batida de amendoim, porque a cachaça pura lhes tirava a concentração e na hora de retornar para suas casas, as veredas eram cheias de raízes expostas pela erosão onde poderiam tropeçar e cair danificando seus instrumentos musicais
Na casa do Augusto tinha um fogão à lenha com forninho, no qual cozinhávamos polenta com galinha caipira, quirera com costelinha defumada e às vezes assávamos um pernil ou paleta de porco. Após quebrar o jejum com chimarrão de erva criola, tomávamos o café da manhã que tinha broa de centeio, ovos estrelados, uma frigideira com toucinho derretido e uma chapada de pinhão (quando era época) ou aipim frito alem daquele café assustado com tição de brasa que deixa sabor impar e inesquecível …aí entao  íamos trabalhar e pescar.

Zacarias Skope (irmao do Augusto), no fundo a casa
do Augusto e nossa carretinha


Paiolzinho coberto com tábuas onde Augusto
defumava toucinho e carijava ervas


Augusto na boléia de sua carroca


Os cavalos do Augusto puxando o barco
do rio até o Rancho

Comentários

  1. Cada história que narra consegue fazer com que pessoas, como eu, que nunca estivemos lá nos transportemos...
    Parabéns por saber apreciar e desfrutar das coisas simples da vida e contá-las de modo tão gostoso.

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  2. Uau Pá, que sucesso que está fazendo seu Blog ! Quem imaginava hein.... Acho super legal tudo isso. Beijos
    Tati

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