PESCARAS NO RIO IGUAÇU DE OUTRORA

PARTE   II – PEIXES DA ÉPOCA

Os peixes que habitavam as águas do Iguaçu daquela época eram: Lambari, Acaras, Traira, Mandi, Pintado, Cascudo, Carpa, Bagre Amarelo, Saicanga e Joaninha, estes dois últimos não suportam água poluída por isso foram os primeiros a desaparecer. O lambari era pescado durante o ano inteiro, inclusive no inverno, bastava usar quirera como engodo e isca de massinha ou sagu. O Acara era pescado nos poços parados (águas calmas) ou lagoas e rios velhos (rio morto ou braço de rio) minhoca era a melhor isca. A Traira era capturada em catueiros e rede de espera. Mandi, Pintado e Bagre Amarelo pegava-se muito no espinhel depois de chuvas em que o rio começava a subir no seu leito com a água mais suja que o normal. Outra modalidade para pegar bagres era armar covo (armadilha feita com taquara) usando filhotes de abelha ou vespas como iscas. Cascudo era capturado com facilidade usando-se tarrafa no local em que o rio era pedregoso. A Carpa era o peixe mais difícil de pescar, principalmente as grandes. Dependia de cevar um poço com milho, batata cozida e outros ingredientes durante muitos dias, saber fazer a massa para isca, ter paciência e não fazer barulho. Os mais famosos pescadores de grandes carpas em Araucária foram Djalma Pizzato Fruet, Julio Graboski e o Bola Chete (apelido dado ao pescador porque ele trocava o S pelo Che e quando jogava sinuca cantava a bola que ia ser jogada: é a preta, bola chete). Certo dia eu pescava no Porto das Laranjeiras e num pesqueiro já ao lado estava o Sr. Chabu (morador da região) com suas linhas armadas para pegar carpa, de repente uma delas deu sinal que havia um peixe puxando. O pescador imediatamente começou a recolher a linha e então deu para ver a enorme carpa que aflorou, deveria pesar mais de 15 quilos pela força e o barulho que ela fazia. Num dado momento o peixão puxou a linha para uma galhada enroscando a mesma. Seu sobrinho que lhe fazia companhia na pescaria ofereceu-lhe ajuda para tirar o peixe d água. O tio não aceitou a ajuda e ainda lhe ordenou que se afastasse dali e ficasse só olhando sem dar palpite porque aquilo era serviço para gente grande. O Sr. Chabu segurava a linha com uma mão e com a outra ele ia cortando a galhada com seu afiado facão. Quando foi cortar o ultimo galho, também cortou a linha e o peixe foi embora. Imediatamente seu sobrinho disse: Viu só tio, o Sr não quis minha ajuda e o peixe escapou. A resposta veio em seguida: Cale a boca piá, eu cortei a linha porque quis. Carpa grande não presta para se comer.
Continua na próxima publicação...

Foto esquerda para a direita: Leandro Jasiocha, Tito Cantelle e Fermino Franciosi e a carpa com cerca de 10 kilos pescada por ele no Porto das Laranjeiras em 22/12/1986.

Comentários

  1. O tempo passa mas a saudades daqueles tempos jamais sera esquecida por nós...abraço

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