PESCARIAS NO RIO IGUAÇU DE OUTRORA - GUAJUVIRA PARTE V


ANTIGA ESTAÇÃO DE GUAJUVIRA (Foto-acervo Flavio Cavalcanti)
Quando tínhamos vontade de pescar fora dos pesqueiros de Araucária, uma das opções era a localidade de Guajuvira. Para lá  íamos de trem ou de bicicleta margeando a estrada de ferro à 18 quilômetros de Araucária, também poderíamos ir de barco, mas aquela época o rio não era dragado e devido às muitas voltas que o Rio Iguaçu fazia a distancia ficava em torno de 30 quilômetros, o que tornaria muito cansativo para retornar remando rio acima. Bem de fronte a estação férrea de Guajuvira e ao lado da Cerâmica Guajuvirense existia o Bar do Sr. Bruda, e a 50 metros nos fundos do bar passava o Rio Iguaçu. Além do bar com mesa de bilhar, cancha de bocha, restaurante com comida caseira, quartos com dois e quatro beliches, também tinha pequenos botes de madeira que poderiam ser usados pelos pescadores que lá se hospedavam. Principalmente durante o verão era preciso fazer reserva com bastante antecedência, pois era grande o numero de pescadores que vinham de Curitiba para pescar e caçar rã nas cavas da olaria  e nas lagoas quando o rio estava alagado. Os vários quartos que tinham para serem alugados ficavam sob a sombra de um capão de branquilhos na margem do rio, nos finais de semana varias fogueiras faziam uma grande fumaceira misturada ao cheiro de churrasco assando na frente de cada um destes quartos. Naquela época para se fazer uma reserva o meio mais usado era através de telegramas pela estação ferroviária, inclusive podia-se encomendar iscas e carne temperada para churrasco que o Sr Bruda providenciava tudo. Além das boas pescarias que fazíamos por lá, às vezes acertávamos em ir ao final de semana que havia baile na Sociedade Guajuvirence, o que nos obrigava levar além das roupas para pescaria terno e gravata, pois sem esta indumentária não era permitido dançar na festa normalmente animada por um conjunto musical do local, a Banda Nalepa. No Domingo quando tomávamos o trem para retornar, sentia-se o cheiro de peixe misturado ao de roupa fumaceada e também o perfume daqueles que tinham ido ao baile (o nosso companheiro de festa e pesca Migué Preto que havia ganhado em seu aniversario um vidro destes perfumes, garantia que se pusesse uma boa quantidade dele, a roupa ficaria perfumada ate o próximo baile, caso não a lavasse) - Que saudades destes maus momentos em bons tempos que não mais voltarão.



Bem de fronte onde era a Estação Ferroviária de Guajuvira, no dia 8 de Dezembro de 1988 aconteceu o descarrilamento de vários vagões de um comboio carregado com gasolina provocando um grande incêndio destruindo tudo que por ali existia inclusive a cerâmica e a construção onde era o Bar do Bruda.


A fumaça resultante das explosões era avistada a quilômetros de distancia.Na foto: Leandro R Jasiocha, Leonardo Vidon de Almeida e Albanor Costenaro
Guajuvira hoje, da olaria restou apenas à chaminé.
No lado direito da foto onde estão as árvores mais altas é onde existia o Capão de branquilhos com os quartos que o Sr. Bruda alugava aos pescadores. Naquela época  tomávamos banho e bebíamos a água do Rio Iguaçu hoje é impossível dado ao grau de poluição.



No fundo a olaria que queimou com o acidente do trem e a chaminé que ainda existe. Na frente – a balsa utilizada para fazer a travessia de carros e pessoas enquanto construía-se a nova ponte de onde foi tirada esta foto.
O prédio da Sociedade de Guajuvira onde dançávamos bailes animados pela Banda Nalepa. Naquela época o Clube tinha como presidente o Sr. Bogdan Wagner e posteriormente o Sr. Valentin Wolski que nos dava pouso para passar o restante da noite no armazém de batatas quando não conseguíamos vagas no Sr. Bruda.

Guajuvira em 1923 (acervo Carlos Cornejo)


Comentários

  1. Oi Pa! 24 anos atras! Me lembro como se fosse hoje indo ate Guajuvira feliz da vida por nao ficar em casa estudando!

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  2. Muito bem Paulo - Bonito, parabéns! Belas recordações!

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  3. Tem que ter memória dessa estação férrea para as próximas gerações, guajuvira acima de tudo.

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  4. Olá, eu já pesquei em Guajuvira, nos anos 1970, íamos de trem de Curitiba, na última vez eu caí do trem já na estação central, tava meio pingado e nem percebi que estava no último vagão, passei direto me estatelado no chão. Mas o que eu gostaria saber de alguém é como era chamado aquelas caixetas( local de onde era tirado o barro para fazer telhas e tijolos que depois enchia d'agua ), de olaria que as vezes dava algum peixe... quem souber me avise no email: www.willesterapeuta@bol.com.br
    Muito Obrigado

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