PESCARIAS NO RIO IGUAÇU DE OUTRORA - ARRASTÃO - PARTE VI

Naquela época uma modalidade de pescaria muito utilizada no Rio Iguaçu, na região de Araucária era o arrastão, pois com poucos lances pegava-se muitos peixes que eram abundantes e sadios. Para este tipo de pesca utilizava-se redes com até 50 metros de comprimento, algumas com três panos de malha (às chamadas feiticeiras) na qual o peixe passava a primeira malha grande e ao bater nas pequenas formava um coador impossibilitando-o de escapar. Para realizar uma pescaria desta, precisavam-se da rede, uns cinco pescadores dispostos a entrarem na água e um local que não tivesse enrosco (pedras ou galhos submersos) para se conseguir fechar um cerco do meio do rio para a barranceira ou espraiado. Um local muito procurado para se fazer arrastão era a RETA DA RÁIA na Campina da Barra, neste lugar pegava-se muito cascudo por  existir muito cascalho no fundo do rio que favorecia a formação de limo e a criação de moluscos, os quais eram a base alimentar destes peixes. Outras modalidades também predatórias eram as redes de espera que se deixavam armadas durante a noite em lugares estratégicos para capturar os peixes quando saiam à procura de alimento e o cerco à caetés ou aguapés. Para isto também eram usadas as redes de malha fina e feiticeira, com elas se fazia um cerco nos caramanchões de aguapés e os retirava para o lado de fora, e aos pouco ia se encostando a rede contra o barranco e pegando os peixes que ficavam para o lado de dentro (entre o barranco e a rede), principalmente traíras e acaras que ficam escondidos embaixo desta vegetação aquática. O rio velho que existe entre as duas pontes metálicas em Araucária, o rio velho na Campina dos Bocós e o rio velho no Bosqueto eram os mais procurados para se fazer cerco porque existiam muitos caramanchões de aguapés. Também se pescava muito com redes nas lagoas do Wardenski e do Wachowicz, este último não gostava quando os pescadores entravam em suas terras sem pedir licença, então ele afugentava os intrusos com tiros de espingarda fazendo-os  deixarem para traz os apetrechos de pesca dando graças de saírem sem serem chumbeados pelo pau-de-fogo do fazendeiro que era conhecido como Urtigão.

Na foto acima estão dentro do rio passando arrastão Pedro Bonvim e Antonio Jomek (de chapéu) que era açougueiro e um exímio temperador e assador de churrasco muito requisitado em festas de igrejas e casamentos. Imaginem os churrascos servidos nestas pescarias.
Pescaria realizada na localidade da Campina dos Bocós em 1954.
Ajoelhado o Sr. José Bonvim, Pedro Bonvim com as maos sobre meu ombro, com a garrafa um morador do local e a direita o Sr. Miguel Aristides de Freitas (conhecido como Migué Policia). Eu me lembro de que neste dia o Jomek assou churrasco em brasido de lenha de Cambuí.
 
 
 
Foi com esta máquina fotográfica marca AGFA que meu pai nos registrou para a posteridade batendo as fotos acima na ocasião da pescaria.
Neste local existia uma praia muito frequentada por banhistas. Nos Domingos de verão era normal a empresa de ônibus colocar uns veículos a mais para atender o pessoal que vinha de Curitiba veranear aqui em Araucária. Infelizmente hoje por aqui corre puro esgoto que não dá para suportar o cheiro quando o Rio Iguaçu esta com pouca agua em seu leito.
 
 
O rio velho entre as pontes metálicas de Araucária. Com pouca água, assoreado pela lama, no lugar dos aguapés que serviam de esconderijo para peixes, alimento para nutrias e ajudavam a despoluir as águas. Hoje encontra-se  garrafas pet, isopor, plásticos, eletrodomésticos, moveis velhos e até cadáveres já foram encontrados
 
Foi com muita alegria que eu tirei esta foto ao lado do Migué Policia, no dia 19/2/2013, pois somos os únicos ainda vivos daquela pescaria de 1954. O Sr. Miguel, hoje com 88 anos de idade, lembrou com detalhes as pescarias que fazíamos naqueles bons tempos.
 
Eu conheci muitos pescadores que abandonaram seus apetrechos de pescaria na lagoa do Urtigão.
 
Continua na próxima publicação...

 
 

Comentários

  1. Parabéns Rogério, muito me emocionou ver meu avo José Bonvin e o tio Pedrinho Bonvim, voce e o Miguel policia da Estação,nesta foto, o tempo pode passar mas a saudades e as lembranças jamais serão esquecidas, parabéns pela recordação.

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