Este relato foi extraído do blog
“FODEU O CAFEZAL DA VIUVA”
(expressão natural de algumas regiões
do interior do estado de são Paulo)
Um tempo que nunca voltará
Curitiba
da nossa infância e juventude.
Uma viagem
no tempo...
A gurizada
de hoje não sabe o que é...
Fechou a
Curitiba onde nasci
Só não
fechou este meu tempo de guri"............viu guria
Saudade da
Curitiba dos meus tempos de guri.
Das
partidas do "bete-ombro".
Do jogo de
tique.
De pular
corda e amarelinha riscada de giz na calçada.
Do jogo de
búrico (bolinhas de gude, de vidro...). (não dou Volta, não vale fidusca...)
Dos
treinos no campinho com as bolas de "capotão" da Casa Walter.
Saudade do
jogo do bafo com as Balas Zequinha. Tinha Zequinha Médico, Zequinha Radialista,
Zequinha Motorista, Zequinha Papai Noel (Esta era uma figurinha difícil, quase
não saía. Só os mais afortunados conseguiam). Tinha até Zequinha Ladrão (e como
tinha...). As figurinhas embrulhavam aquelas balas ruins, que ninguém chupava,
mas que divertiram muito a piazada. No jogo do bafo era proibido cuspir na
mão... O ciclo se repetia a cada ano.
Dos balões
de São João que iluminavam as noites frias da Curitiba dos meus tempos de guri.
Era Balão Caixa, Balão Mimosa, Balão Cruz. De todos os tamanhos e de todas as
formas. Tinha uns grandes, tão grandes que até os bombeiros vinham ajudar na
hora de acender a tocha. Os soldados vinham, erguiam a escada, segurava a copa,
o baloeiro acendia a tocha, o fogo ardia e o balão subia, espargindo parafina
incandescente sobre a Curitiba dos meus tempos de guri. (nunca ouvi falar que
um balão provocou um incêndio!).
Das raias
(pipas, pandorgas...) que esvoaçam pelos campos da Galícia. Eram felizes os
piás de Curitiba. Espremidos nas calças curtas os piás e as meninas nas suas
saias de sarja azul marinho, toda pregueada, como mandava o uniforme escolar,
levavam pra escola um punhado de bolachas Duchen e meia garrafa de Capilé. Às
vezes, Crush ou Mirinda. Quando não, um suco de uva Grapete. Ou gasosa de
framboesa da Cini.
Pra
variar, Minuano. Tinha uns que levavam Bidu-Cola ou Guaraná Caçulinha, com
bolacha Maria.
Aos
domingos, faceiros, no terninho de marinheiro da Maison Blanche, iam à matinada
do Cine Ópera para ver Tom e Jerry. As meninas, gabolas, enfeitadas em suas
saias godê, da Joclena, e blusinhas da Mazer, uma loja infantil ao lado da
Gomel, na “Rua dos Turcos”.
O Maison
Blanche era de meninos. A Joclena e a Mazer, de meninas. Para os sapatos tinha
a Cirandinha.
Piá nenhum
admitia vestir o tal de “brim coringa não encolhe”, aquele tecido azulão
grosso, especialmente para macacão de mecânico, que hoje chamam de Jeans.
As meninas vestiam tafetá ou veludo,
também em festas, os vestidos godê ponche feitos de organdi suíço.
Os meninos, terninhos de casimira.
Quando muito, camisa Volta ao Mundo e calça de Tergal.
Piás felizes chutando bola,
descalços, sobre as rosetas dos campinhos por todos os lados. (Tínhamos que
tirar os sapatos para não gastar, senão a bronca vinha certa).
Esse tempo de guri acabou, assim como
acabou a Modelar, a Casa Rosa, a Casa Vermelha, a Casa Sade.
Não tem mais a Casa da Sogra do Aron
Ceranko, presidente do Ferroviário (que também não existe mais). Não tem mais a
Casa da Pechincha.
Desapareceu o Louvre do Kalluf, assim
como nos deixaram os fraternos irmãos Munir e o Padre Emir. Cadê seu Jamil e
seu Miguel e a Capital das Modas?
Não tem mais a Casa das Meias do
telefone 66-6666, nem o 444 do Barão. E a Casa Edith, acredite, ainda tem, mas
os chapéus Prada não vende mais. E a Três Coelhos, em que cartola se meteu? Não
tem mais Móveis Cimo.
Já não se ouve mais o apito da
Fábrica Lucinda.
Mudou a Casa Feres, “pequena por fora
e Grande por dentro”.
As Casas Lorusso, “suba que o preço
desce”, também desapareceram sem sequer nos dar o seu tradicional boa noite.
Fechou a Casa Dico,”Fique Rico
comprando na Dico”, a Joalheria Pérola, do Kaminski, a Importadora Americana,
do Marcos Salomão Axelrud, que vendia o Simca Chambord e o Simca Rally.
Desapareceu o Frischmann´s Magazine,
assim como o Chocolate Basgal, da Tiradentes.
Não tem mais a Loja Tarobá, do Pedro Stier,
em cujas vitrines o pioneiro Nagib Chede exibiu o primeiro programa de TV, no
Estado do Paraná, projetado diretamente do último andar do Edifício Tijucas.
E o povo encantado via o Jamur em
preto e branco, contando as notícias do dia.
Não tem mais o Cine Curitiba onde os
piás trocavam Gibis do Capitão Marvel, pelos X-9 do Monte Hale.
Cadê o Cine América, o Palácio, o
Broadway, o Avenida, o Ribalta, o Oásis, o Rívoli, o Vitória, o Marabá, o Luz,
o Arlequim, o Ritz, e o Flórida.
Até os filmes do Morguenau e do
Guarani chegaram ao fim.
Acabaram as matinês do domingo à
tarde (depois de enxugar toda a louça do almoço de domingo para a mãe).
Se você "aprontava" durante
a semana lá se ia à matinê de domingo.
Era ficar na janela vendo os amigos
irem, com um monte de gibis embaixo do braço.
Lembram que quando o
"mocinho" beijava a mocinha todo mundo fazia barulho com os pés no
assoalho de madeira do cinema?
Não tem mais o bar Pólo Norte, no fim
do trilho do bonde da Colônia Argelina.
E o Lá no Lhum, da rua Barão?
E a Charutaria Liberty, na esquina da
XV com Monsenhor Celso, para onde se mudou?
O Hermes Macedo, “Do Rio Grande ao
Grande Rio”, que rumo tomou?
E o Prosdócimo, onde mamãe comprou a
minha primeira Ralleig? (era uma bicicleta preta, com frisos dourados e raios
niquelados, importada, Inglesa). Quanto luxo. (Sentia-me um Fittipaldi na
boleia da sua Lotus).
E o Sérgio Prosdócimo, hoje, nem sabe
disso. Ele também era um piá, nos meus tempos de guri
Não vejo mais as Óticas Curitiba, dos
Irmãos Barbosa.
Onde foi parar a Casa Nickel, que
vendia Chevrolet?
Desapareceram a Casa Londres e a
Ottoni. O Lord Magazine, onde as almofadinhas compravam seus esporte-fino
exibidos nos chás-dançantes de Medicina e Engenharia.
A Slopper também acabou. Mesmo fim
levou Calçado Clark, Lojas Ika e Pugsley.
Acabou-se o Café Alvorada do
Senadinho. (onde um amigo meu ao mexer com a garçonete recebeu um bule cheio de
café na cara).
Fechou o Ouro Verde, onde nasceu a
Boca Maldita. Nem Café Marumby, nem Café Piraquara tem mais.
Apagou-se o neon da Caixa Econômica,
na Praça Osório, com as moedinhas correndo e caindo no cofrinho.
E a farmácia Minerva, antiga, que
vendia Zig e Mercúrio-Cromo e também Pasta Kolynos, Creme Dental Eucalol e
Sabonete Lifebuoy. (Será que ainda existe o Talco Ross)? E o Rum Creosotado? E
Auricedina? E a Pomada Minâncora? E o Vinho Reconstituinte Silva Araújo? E o
Regulador Xavier: “número um excesso; número dois, escassez”. (!). E
Antissardina. E o Creme Rugol. E as Pílulas de Vida do Doutor Ross, “fazem bem
ao fígado de todos nós”.
Nem a Stellfeld, do relógio de sol
sobrou, com suas prateleiras repletas de Cibalena, Varamon e Cafiaspirina,
Glostora e Gumex.
Só o relógio de sol resistiu, como se
a testemunhar os meus tempos de guri.
No Edifício Azulay ficava a Musical,
onde comprei uma radiola marfim, para ouvir de Nat King Cole cantando “Catito”,
nos long play da Chantecler. Ali também ficava a loja de calçados Pisar Firme.
A Clark também ficava lá, assim como a Farmácia Colombo.
Fechou o Banco de Curitiba, quebrou o
Banestado. E o Bamerindus? Ave, Avelino.
É verdade, o tempo passa, o tempo
voa…
Cadê o Colégio Parthenon, o Iguaçu
(pagou, passou!) da Praça Rui Barbosa?. E a Escola de Comércio De Plácido e
Silva, cuja diretora Juril Carnascialli encantava os seus alunos pela sua
fineza de trato e cultura herdada do iluminado Josef de Plácido e Silva. Muito
obrigado Juril.
E o Colégio Cajuru. Por onde andarão
as suas alunas, tão bonitas e invejadas? Será que ainda usam o
"Cabeção" em seus dias de Gala?
E as meninas do Sion com suas saias
cor de vinho?
E as normalistas do Instituto de
Educação por onde andarão?
Acabaram-se as empadinhas do Cometa,
os queijos da Casa da Manteiga do amigo Guido, hoje Meritíssimo Desembargador.
No Mercado Municipal tinha o Manquinho, da Mercearia Sulina. Só vendia o que
era de primeira!! Ele mesmo dizia aqui presunto, se quer mortadela vai a
outro!!/*
A coalhada da Schaffer, o Toddy da
Leiteria Viana, e o pão sovado da Berberi, em que forno se enfornou? Por que
não tem mais Milo para beber com leite, era tão gostoso!!
E a pastelaria Ton Jan, do Marechal.
Tinha pastel de carne e de palmito. E também o especial, com ovo e azeitona.
Fechou a Churrascaria Bambu, a Tupã.
Até a Caça e Pesca fechou. Alguém se lembra do Mitóca, do Galetto, da Cantina Vesúvio...??
Não tem mais o açougue Garmatter e
nem o Francês.
E o piá de pedra fazendo xixi na
frente do Posto Garoto, cresceu?
Acabou-se o Rabo-de-Galo do Bar
Americano e não tem mais a Carne de Onça do Buraco do Tatu. Nem o filé completo
da Tingui. Nem a dobradinha do Restaurante Rio Branco. Do pastelzinho do
Pasquale, nas manhãs dos sábados no Passeio Público, restou a saudade. E o Bar
Palácio para as madrugadas, na saída dos bailes do Clube Curitibano?
O Locanda Suíça desapareceu. Até o
Gruta Azul sumiu.
O Jatão, em Santa Felicidade, travou
a turbina e caiu. Desmoronou.
Nem a Maria do Cavaquinho, nem a
Gilda, nem o Esmaga ou o Osvaldinho perambulam pelas portas da Velha Adega, na
Cruz Machado, ou pela frente do Gogó da Ema na Comendador. Por ali onde andava
o Saca-Rolha, nas tardes de sol, com o seu guarda chuva sempre fechado.
O Bataclã não desfila mais com o seu
terno branco e cravo vermelho na lapela, pela frente do Fontana Di Trevi ou da
Guairacá, na João Pessoa que virou Luiz Xavier.
Fechou a Curitiba onde nasci. Só não
fechou este meu tempo de guri.
Não tem mais Leminski, nem Kolody.
Dele, resta o lamento:
“Esta vida é uma viagem; pena eu
estar só de passagem”
Dela, um alento: “Para quem viaja ao
encontro do sol é sempre madrugada”
De mim, o consolo: “Saudade”! é a
ressonância
De uma cantiga sentida,
Que, embalando a nossa infância,
“Segue-nos por toda a vida”.
Curitiba querida, que bom que eu te
vivi!
(Infelizmente de um Autor
Desconhecido para o qual dedico minhas homenagens).
Cara, que saudade da liberdade que
tive de viver tudo isso.
Se a meninada de hoje soubesse o que
era andar de lá para cá, de cá para lá sem correr o risco de ser morto por um
mísero tênis Nike, saberia do que eu em segundo plano e o autor desta estou
falando.
Sou de um tempo que se podia com toda
a tranquilidade ir do Cirandeiro que ficava em frente ao Sesc da esquina até a
General Carneiro entre a Visconde de Guarapuava e Nilo Cairo, as três horas da
manhã, sem encontrar um mísero assaltante, ou a sua gangue para nos deixar
pelados como viemos ao mundo.
Naquele tempo nem polícia a gente
encontrava por total falta de necessidade.
Onde foi parar a minha Curitiba
daqueles tempos???
A única coisa que restou foi a lembrança através desta música, hino
maior de um tempo que nunca voltará.
Lindas lembranças!! Estou tentando recordar o nome de um restaurante que, se não me engano, ficava na Visconde de Guarapuava com a Westafallen. Era uma casa meio estilo suíço/alemão. Se puder me ajudar, agradeço
ResponderExcluirLembranças de um tempo maravilhoso, da Cafeteria das Famílias, onde comíamos peladinhas, chocolates, turrón; da Praça XV; do Edifício Itália onde eu morava, na Praca Osório;da Churrascaria Água Verde, onde se comia a melhor costela; dos Móveis Vogue, onde trabalhei; do Bar do Cecito com sua caipirinha de vodka, do Clube dos Alemães; do meu Ford 51; da Casa Tarobá. Quantas lembranças! Aí sim, eu vivi a melhor época da minha vida, diz Arturo Celestino Ferraz.Que tempos!
ResponderExcluirR.R.T.V. 1 de fevereiro de 2019
ResponderExcluirLendo as inúmeras lembranças citadas por você, que também compartilho, puxei o fio das minhas e poderia acrescentar mais uma centena delas, desde meus 3 anos fazendo "footing" com minha mãe pelas ruas do comércio da nossa amada Curitiba!!
Alguem tem foto da Cantina Vesuvio (Restaurante) que ficava perto do Terminal Guadalupe?
ResponderExcluirSaudades do restaurante Cavalo Branco ,com uma arara colorida na entrada e comida maravilhosa, pescar lambaris no rio Barigui...
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