BAIRRO ESTAÇÃO - ARAUCÁRIA


 
 
Em 1891 foi construída em Araucária a estação ferroviária que deu origem ao nome de um dos bairros mais importantes para a cidade. Através desta estação férrea eram feitas exportações de madeira, erva mate, manufaturados, produtos agrícolas, principalmente a batata que era produzida em Araucária e Contenda para os demais estados brasileiros e também para o exterior. Esta estação foi construída de madeira e tinha anexo um deposito e a casa do agente. Em Outubro de 1961 um incêndio consumiu-o quase tudo, deixando apenas uma parte do deposito. Neste dia eu estava tomando banho em um tanque na propriedade do Sr Martim Jess, que ficavam uns 300 metros da estação, ao ouvir estouro de telhas e fumaça pensei que o incêndio era em nossa casa que ficava ao lado. Quando cheguei perto o fogo consumia a construção com uma rapidez incrível, pois a madeira era pintada a óleo e estava muito seca. O Agente da estação, Sr Ladi Azevedo tinha duas filhas e um filho entre dose e dezesseis anos e mais uma de berço a qual ele pensou estar dormindo enquanto acontecia o incêndio. Ao entrar no quarto para pegar a filha, que estava a salvo juntamente com os irmãos na casa de um vizinho, a parede desabou em cima dele, o mestre de linhas Sr Joaquim de Oliveira Godoy tentou ajuda-lo, mas quase ficou junto. Foi uma tragédia que nos moradores do bairro levamos muito tempo para esquecer. Do início ate meados do século passado o produto que mais movimentava o carregamento de vagões era a batata produzida na região de Araucária e Contenda, então devido a isto foram construídos vários armazéns nas proximidades da estação para receber, classificar, ensacar este produto que eram trazidos da colônia através de carroções com oito cavalos e mais tarde por alguns caminhões, para finalmente serem enviados aos compradores. Hoje em dia estes armazéns que foram construídos por “batateiros” estão sendo utilizados por industriários, comerciantes e prestadores de serviços. Abaixo vamos mostrar algumas fotos atuais e antigas de armazéns construídos do inicio da Rua Vital Brasil ate as proximidades do prédio da estação, sendo que a maioria deles não conservam mais suas características originais.

Na foto acima que foi tirada em 1926 da para observar as pilhas de lenha que eram usadas para as caldeiras das “MARIAS FUMAÇAS”, pois ainda não existiam as “BITRUCAS” que eram movidas a óleo. No lado direito da foto aparece um barracão branco que pertencia a Sra. Eufruzina Tirka, e foi nesta casa que eu nasci e meu pai iniciou suas atividades comerciais abrindo a CASA WASSEKO. No dia do incêndio este estabelecimento só não queimou porque havia chovido alguns dias antes, formando uma grande poça de água da qual um grande numero de pessoas jogavam esta água nas paredes com ajuda de baldes e bacias.

Nesta época ainda existia um terminal construído de madeira para carregar e descarregar o gado que vinha de diversas regiões. Em 1962 foi construído o novo prédio da estação e a casa do agente em alvenaria. O novo agente era o Sr Cornélio Kaminski, telegrafistas o Sr Carlos de Lima (carlitinho) e Ernesto Lemos, os guarda-chaves Sr José Perini (jéca), José de Andrade (Zé sapo) e Jofre de Andrade. Em 1977 foi desativado o transporte de passageiros e em 1990 foram retirados os trilhos para dar lugar a um trecho da rodovia 423 que liga Araucária a Campo Largo. Hoje a nova estação fica no Jardim Itaipu, bem mais afastada do centro de Araucária.



1 – Estação, casa de Agente e o depósito. ---- 2 – A primeira Casa Wasseko. ---- 3 – Armazém da dona Eufruzina Tirka. ---- 4 – Armazém do Sr Luiz Wachowicz. ---- 5 – Capela Santo Antonio. ---- 6 – Armazém do Sr Francisco Jess. ---- 7 – Armazém do Sr Antonio Baja tinha mais um atrás deste. Ainda tinha o Armazém dos Rodrigues, Romão Wachowicz e do Jacomel, que não aparecem na foto.



Esta foto foi tirada em 1963 de cima da nova Casa Wasseko, atualmente armazém Santo Antonio dirigido por Augusto Bertote. O automóvel Chevrolet preto que aparece na foto pertencia ao Sr Arnaldo Campanholo. Em seguida a esquerda a primeira Casa Wasseko. À direita o Bar do Fontana e armazém do Francisco Jess. Bem no fundo da Rua Jeromin Durski o prédio da família Zawadski, onde foi o Colégio Almamater, o primeiro a oferecer o curso ginasial em Araucária.



Este armazém pertencia ao Sr Estanislau Lesniowski, é o primeiro na Vital Brasil em direção à estação. O prédio não conservou as características.


 
Já ao lado do Lesniowski, hoje só existe um muro aproveitado do que foi o armazém do Sr Boleslau Wzorek. Após o comercio de batatas neste local funcionaram torrefação e moagem de café, supermercado e fábrica de moveis.
Ao lado do armazém, a casa da família Wzorek, na época era uma das mais bonitas de Araucária. Hoje esta em reforma.


Este armazém pertencia à família Matiolli. Eram uns dos mais fortes “batateiros” da época. Já funcionou uma fábrica de embalagens plástica, e hoje no prédio funciona uma oficina de lanternagem. Não manteve as características originais.


Este é o armazém do Sr Aleixo Skraba, fica na Rua Pedro Jess esquina com Vital Brasil. Hoje alugado para oficina mecânica e também funciona a Fecularia Solana administrada por Paulo Skraba.


Este pertencia ao Sr Martim Jess, além de comércio de cereais, anexo funcionava uma fábrica de palhões que pegou fogo, mas não danificou o prédio principal que ainda mantem suas características. Ainda neste local funcionou a fábrica de moveis Jonile.


A família Assef que era proprietária deste armazém, além de “batateiros” era representante do adubo Serrana. Também funcionou neste a Movax pertencente a um imigrante francês.


Este armazém pertencia ao Sr Hermínio Brunato, um dos mais fortes exportadores de batatas. Além de usar o transporte ferroviário ele possuía um pequeno navio que levava o produto ate o Rio de Janeiro, também era proprietário de haras e uma grande olaria. A maior parte da área onde hoje está instalada a Refinaria Getúlio Vargas pertencia ao Sr Hermínio. Neste prédio também funcionou a Cooperativo Bom Jesus.




Este prédio também era do Sr Hermínio. Por muitos anos funcionou a Cooperativa Agrícola de Cotia comandada pela família Nozawa.
 
Aqui pertencia ao Sr Tadeu Wzorek


No lugar deste muro existiu um grande armazém que pertencia ao Sr Valentim Wolski, que também possuía outro no distrito de Guajuvira além de um olaria. Este era o último armazém da Rua Vital brasil.


Este armazém que fica na Rua Gabriel Campanholo pertence à família Baja, e ainda mantem sua característica original. Na época, o Sr Antonio Baja possuía mais um armazém atrás deste. O Sr Antonio, também era plantador da famosa batata Binje.


 
Esta casa que fica de fronte onde era a Cooperativa Agrícola de Cotia pertence ao Sr Osvaldo Valentine (vadinho) e na época funcionava um armazém de secos e molhados


Vila Catanduva – Nesta casa residia a família de João Assef.
Além de todos estes armazéns existiam, na Rua Victor do Amaral os de: Sr Jango Jess, da família Incot e dos Torres.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 

Comentários

  1. Adorei ler sobre o lugar em que nasci!!! Fico emocionada em saber que existem pessoas que preservam nossa história através de documentos e relatos tão preciosos. Parabéns pelo blog e espero ainda ler mais preciosidades como esta. A propósito morei na Casa Wasseko muitos anos, sou filha de Seu Teodorinho e da D Terezinha e tenho muitas saudades desse antigo comércio que fez e faz parte da história de Araucária. Abraços,
    Maria Margarete Kujbida.

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  2. Ola Margarete, a familia Kujbida também faz parte da história deste bairro seu pai como comerciante e vc que ali nasceu. Se não me falha a memori a seu pai e sua avó moraram na casa da dona Eufruzina quando meu pai abriu o primeiro armazém.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Confesso que gostei muito deste comentário sobre o bairro estação.Hoje, quem mora nesta casa é o Sr. Andres Ruy e família, ele é assistente administrativo da MOVAX FABRICA DE PERFIS DE GAVETAS que fica ao lado da casa onde sempre foi fabrica de perfis e laterais de gavetas.Parabéns pelo trabalho... a Paz...

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    1. Ola sr Andres Ruy, eu também tive a oportunidade de morar nesta casa, logo quando eu casei. Me lembro bem das instalações hidráulicas que eram feitas de chumbo e não de plástico que na época não existia.

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  5. Rogerio dias atrás passei pela Vital Brasil e vi que onde seria o depósito da família Matiolli existe um condomínio, você tem por acaso alguma foto do que era antes das construções naquele lugar? Porque o bairro está muito diferente do que já foi.

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