PESCARIAS NO RIO IGUAÇU DE OUTRORA - PARTE VII - ZÉ de LIMA


 
José de Lima também conhecido por Zezinho de Lima ou Zé da nhá Brasília foi um melhores pescadores que eu conheci. Desde a minha tenra infancia com ele eu aprendi os macetes para pescar com catueiro e espinhel, principalmente. A primeira vez em que eu estive em uma pescaria onde montamos um acampamento e pousamos na beiro do rio eu ainda não tinha 10 anos de idade, mas me lembro de todos os acontecimentos como se fosse hoje. Esta pescaria foi realizada rio acima, na localidade do Bosqueto e entre os dez componentes estava o Zé de Lima que foi o responsável por armar e revistar os espinhéis. Lembro-me da enorme quantidade de peixes que foram pegos durante a noite nos espinhéis que o Zé revistava enquanto o Abílio Cortiano remava o bote (eles me levaram em uma destas revistas, é um momento inesquecível, e talvez isso aguçasse minha vontade por pescaria). Lembro que ai cair da tarde eu o Alfredo Gavleta apoitamos o barco ao lado de um aguapezal e pegamos uma grande quantidade de bagres amarelos e alguns mandis. Não me esqueço do suculento churrasco que o Sr Leonardo Gavleta temperou e assou num braseiro de Cambuí. Lembro-me do Sr Vadinho soltando gases durante a noite inteira por ter comido muita cebola com pimenta do tempero do churrasco. Entre muitas pescarias que fiz em companhia do Zé de Lima, sem duvida as melhores foram em Caiacanga. Entre uma cachoeira e outra sempre existia um grande trecho de rio que é parado, fundo e com palheiro em suas margens o que torna um lugar apropriado para traíras e era nestes locais que ao cair da noite armavamos os catueiros iscados com pequenos mandis pescados nas corredeiras durante o dia. Sempre pegávamos muitas traíras nesta modalidade de pesca.  Certa noite quando o Zé foi alimentar o fogo ao pegar uns paus de lenha ele foi picado por um escorpião em seu dedo mindinho, rapidamente ele pegou sua afiada faca e cortou a ponta do dedo, fez xixi em cima do corte, encheu com pó de café e amarrou um lenço, pela manhã tomamos o trem para Araucária e uns dias depois que o Zé tomou uns remédios caseiros já estavam combinando outra pescaria. Além de excelente pescador o Zé era um exímio artesão, pois ele trabalha nas oficinas da RVPSC e nas horas de folga fazia maçaricos alimentados com pedras de carbureto que usavamos como lanternas em nossas pescarias.


Na foto da para notar que eles fizeram uma boa pescaria de traíras. Da direita para a esquerda: Zé de Lima, Teodoro Kugibida, Dedé, Adão e seu filho. O Adão e o Zé eram companheiros inseparáveis nas pescarias, inclusive trabalhavam juntos na oficina da Rede Viação Paraná Santa Catarina hoje ALL Logística.


Em corredeiras como esta, usando linha de mão com filhos de vespa cavalo é que pegávamos pequenos mandis para serem usados como isca, e, em palheiros como aqueles no fundo da foto que armavamos os catueiros para pegar traíras.


Depois de tirar as esporas, cortar a cabeça e a ponta do rabo estes mandis eram usados com iscas para pegar trairas.
 
 
 

Comentários

  1. O tempo pode passar mas as boas lembranças jamais serão esquecidas. Grande abraço e continue postando suas histórias de pescador sou um leitor assíduo teu. Forte abraço.

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