Em 1946 logo após a segunda guerra mundial,
meu pai resolveu comprar um estabelecimento comercial no bairro Estação no
município de Araucária. Adquiriu este comércio de sua madrinha a Sra. Eufruzina
Tyrka, que lhe vendeu por um preço muito camarada e também por prazo bem longo
para ele pagar. Eram tempos difíceis para se negociar, pois faltavam muitos
tipos de mercadorias que eram indispensáveis para atender à clientela que ele
estava tentando formar. Faltava farinha de trigo para fazer o pão de cada dia (naquela
época só existia uma padaria que ficava na vila de Araucária) então o pão tinha
que ser feito em casa mesmo, faltava querosene que era o combustível para os lampiões
(nesta época ainda não existia luz elétrica no bairro). Os produtos que mais
falta faziam era os derivados da cana de açúcar, o açúcar mascavo, álcool,
rapadura, melado e principalmente a cachaça. Esta última não poderia faltar de
jeito nenhum. Quando o pessoal vinha da colônia e mesmo os moradores do bairro
fazerem suas compras, entre um pedido e outro tomavam uns goles, e assim lhes
vinham na lembrança oque tinham que comprar, e também conversavam com outros
fregueses, pondo em dia os acontecimentos mais recentes. No final das compras
ainda levavam mais uns litros para casa, pois lá quem esperava também era filho
de Deus, e estava com a garganta seca. Neste mesmo período veio para a
vizinhança o Sr. Almeida. Este novo morador acabara de adquirir uma chácara da
viúva de um fabricante de vinho. Nesta propriedade havia uma antiga plantação
de videira que não mais produzia uva para se fazer vinho, então o novo
chacareiro resolveu eliminar este pomar. Também existia no local, um velho
barracão onde era processada a uva transformando-a em vinho, suco, vinagre e
graspa (espécie de aguardente). No interior deste barracão ainda encontravam-se
todo o material utilizado na industrialização dos derivados, como: alambique,
litros, barricas, pipas e três tonéis. Para realizar a limpeza em toda a
chácara o Sr. Almeida, precisava de alguns trabalhadores, os quais ele
conseguia indo lá no armazém do meu pai, pois sempre tinha alguém folgado e
precisando ganhar uns trocos. Durante o dia estes diaristas faziam suas tarefas
e a tarde recebiam seus salários e iam até o armazém fazerem suas compras. Ai vinha às reclamações
pela falta de mercadorias, principalmente a da cachaça. Meu pai tentava
explicar que o pós guerra ainda dificultava a aquisição de algumas mercadorias,
mais que recebera uma promessa do vendedor das Indústrias Malucelli, que os
derivados de cana de açúcar logo seriam entregue inclusive a cachaça
Morreteana, que sem duvida era a melhor aguardente que existia.
Quando
o Sr. Almeida acabou de limpar o terreno onde existia o pomar, preparando a
terra para cultivar milho e feijão, dispensou os trabalhadores ficando somente
com um deles para dar continuidade na faxina do velho galpão. O escolhido foi o
João Pisca-Pisca (assim apelidado devido o cacoete de piscar continuamente
quando falava). Este trabalhador se afinava muito bem com o Sr. Almeida,
tornando-se homem de confiança do patrão.
Continua na proxima postagem --- A LIMPEZA DO GALPÃO
Continua na proxima postagem --- A LIMPEZA DO GALPÃO
Atual casa wasseko na Rua Gabriel Campanholo, foi constuida em 1960, 14 anos apos o inicio na outra da Rua Pedro N Pizzato, logo em frente, do outro lado da via ferrea. |
Termo de abertura do livro de compras do armazém da Sra. Eufruzina que meu adquiriu em 1946. |
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