TIO CHICO SZARNECKI


Francisco Szarnecki era o mais novo dos nove filhos que tiveram meus avos maternos, Estanislau e Julia Szarnecki. Além de tio ele também era meu padrinho de crisma. Era uma pessoa carismática, extrovertida, honesta, bondosa, brincalhona e muito querida por todos que o conheciam. Gostava de comemorar os aniversario de familiares com churrasco, galeto e vinho de laranja que ele mesmo fabricava. Ele morava em uma chácara na localidade de Costeira em Araucária (hoje é um dos bairros mais populoso da cidade). Era um lugar privilegiado, além de uma grande casa, tinha vários paióis para guardar a produção agrícola, um enorme potreiro para as criações e um belíssimo bosque para fazer suas festas. Na minha infância, quando fazia a escola primaria eu esperava ansioso as férias para passar alguns dias na casa do meu tio Chico e com meus primos ir pescar, caçar, brincar, montar, passando alguns dias inesquecíveis que às vezes para o meu deleite me vem à lembrança. Aquela época não havia luz elétrica neste local, então eu me lembro do cheiro do querosene queimando nas lanternas e morceguinhos, do estalo do pinhão que estava assando na chapa, do aroma do toucinho crioulo sendo derretido para ser degustado com o pinhão assado, do sabor de leite com farinha de milho ou marmelada que comíamos todas as noites antes de ir dormir, do barulho do colchão de palhas na hora de deitar. Minha tia Valerka era igual ao meu tio, fazia de tudo para agradar-nos, preparava bolos, bolachas caseira, coalhada e outras guloseimas. Meu tio Chico era um exímio pescador e caçador, às vezes íamos pescar no Rio Iguaçu e trazíamos muitos peixes que minha tia limpava e fritava para comermos com broa e café preto. Ele sempre mantinha algumas armadilhas para pegar tatu, porque a carne desta caça era um pitéu para ele. Havia muitas arvores frutíferas, principalmente laranjeiras e mimoseiras de cujas frutas meu tio fabrica vinho. No potreiro existia uma grande moita de bambu rei, que muitas pessoas de outras localidades vinham buscar para derrubar pinhão e também usarem como varejão para impulsionar canoas em suas pescarias. Que saudades daqueles tempos que Araucária, entre a colônia e vila tinha apenas quatro mil habitantes, rios de águas limpas e nosso ar eram despoluídos. Eu e meus primos fomos crescendo e indo para lugares diferentes, meu tio ficou viúvo da tia Valerka, mas alguns anos depois ele casou novamente com uma pessoa maravilhosa a Senhora Francisca, os quais, para nós, continuaram se chamando de tio Chico e tia Chica.

Abaixo algumas fotos do tio Chico e seus convidados nas festas familiares:
Tio Chico e minha mãe, os dois mais novos dos nove irmãos.

Tio Chico servindo costela assada ao meu pai.
Desta vez era galeto.
Em pé: Tia Valerka com a criança no colo ao lado da minha avó Julia, sentadas da E p/ D minha mãe, sua amiga Geni e a prima Juvina.
Mais um dia de festa.
Tio Chico e Tia Francisca, sua segunda esposa.
As filhas de Estanislau e Julia Szarnecki: Da E p/ D
Francisca, Ana, Maria, Helena, Leocadia, Marta ( nora) e Rosa. Faltaram  nesta foto os dois filhos Pedro e Francisco e a filha Angélica que já era falecida.

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