GANSOS DEPENADOS


Um dos nossos companheiros de pescaria que já não esta entre nós e contava muitos acontecimentos bizarros e interessante foi o João Stupak. Durante muitos anos nos íamos pescar no rancho em Antônio Olinto e algumas vezes no Rio Taquari no Mato Grosso do Sul.  O João, sempre foi uma pessoa divertida, contava histórias, piadas, fazendo os companheiros rir muito dos seus causos.  Eu estava navegando na internet quando vi a fotografia de um ganso sem penas e acabei por lembrar uma aventura que aconteceu com o João há muitos anos passados e resolvi escrever para os leitores deste blog.

Certa vez o João Stupack foi convidado por um amigo que morava na Colônia São Miguel, em Araucária, para pescar traíras em um tanque que lá existia (hoje esta chácara está submersa na represa do Passauna). Nesta propriedade moravam apenas o amigo Stanislaw, sua esposa Mareska, e seu cunhado Frenek. Neste dia que o João foi lá para pescar fazia muito frio, não estava bom para pesca, então eles se recolheram na cozinha da casa para comer pinhão assado na chapa de fogão à lenha e tomar cachaça que estava em infusão no butiá há alguns meses. Devido o frio e o bom papo que estava rolando entre os quatro, o vidro de aguardente terminou rapidinho. O s.r. Stanislaw, após jogar no terreiro os coquinhos de butiá que estavam encharcados de aguardente abriu outro vidro da mesma bebida e continuaram a prosear.  Algum tempo depois todos já estavam meio de porre, mas antes de anoitecer o João e o Stanislaw resolveram deixar algumas linhas armada para tentar pegar alguma traíra durante a noite, e ao sair da casa para ir ate o tanque eles depararam com os gansos caídos com as patas para cima. O João, todo preocupado perguntou ao Stanislaw sobre oque poderia ter acontecido. – Não sei que desgraça esta que aconteceu, só pode ter sido alguma peste que matou os gansos, respondeu o Stanislaw, já chamando o seu cunhado Frenek, e ordenando que este tirasse as penas dos gansos para fazer travesseiro e em seguida jogasse as aves já depenadas em uma barroca que existia longe da casa. Já era noite quando o Frenek regressou da sua árdua e triste tarefa e encontrou os outros três lamentando o ocorrido. Tomaram o restante do vidro de pinga com butiá e foram dormir porque estava muito frio. Quando o dia amanheceu, Mareska levantou para esquentar água para o café e chimarrão, e ao abrir a janela para ver a grande geada que ocorreu, ela começou a gritar: milagre, milagre ontem aconteceu uma desgraça hoje aconteceu um milagre. Em meio essa gritadeira toda, os demais correram para ver oque estava acontecendo, e pela janela avistaram uma fileira de ganso depenado andando pelo gramado congelado. Depois deste dia, para evitar que os gansos ficassem de porre, Stanislaw pedia ao Frenek que enterrasse os coquinhos de butiá  que estavam encharcados de aguardente.
A cachaça infusa no butiá fica licorosa e muito boa de tomar, mas só que deixa as pessoas de porre muito fácil.
Os coquinhos de butiá que o Stanislaw jogou no terreiro estavam encharcados de cachaça e foram comidos pelos gansos que ficaram de porre.
Judiação que o Frenek cometeu, depenou as aves e as atirou em uma barroca
achando que elas estavam mortas.



Comentários

  1. Acróstico
    Ao Ganso bebum

    Grandes aves, atuam como guardiões
    Assim os gansos substituem até cães
    Numa ânsia alimentar comem de tudo
    São deveras mal humorados, contudo.

    Os butiás ali, encharcados de cachaça
    Solicitando que deles algo bom se faça
    Deixaram os gansos comer as frutas
    Eles dormem ao invés ficarem birutas.

    Penas boas para rechear travesseiros
    Empenados deixaram de ser os arteiros
    Na madrugada foram parar na barroca
    Aonde acordaram nus como minhoca

    De bichão engalanado e até inzoneiro
    O ganso envergonhado agora se toca
    Sabe que bêbado vira foco de coveiro.

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  2. Jesus,chorei de rir ao ler! De sorte que os bichinhos já estão acostumados com o ritual da retirada das penas, mas que será que passou na cabeça dos bichinhos acordar ao relento com geada batendo por todos os lados. Tadinhos!

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