Na década de 1960 veio de Balsa Nova para residir no Bairro
Estação em Araucária o SR João Durski, também conhecido por Dico Durski. Devido
ao Dico gostar de pescaria não demorou muito para ele fazer amizade com o pessoal
da nossa turma. Ele tinha uma carroça com dois cavalos que muitas vezes servia
de condução para irmos fazer as pousadas na beira do Rio Iguaçu levando as
tralhas para o acampamento e alguns companheiros, enquanto outros seguiam de
bicicleta. O Sr João Durski era um extrativista, sua labuta era colher ervas
medicinais como espinheira santa, chapéu de coro, pata de vaca, japecanga,
nhapindá, unha de gato e muitas outras que existe em lugares úmidos e beira de
rios. Muitas vezes eu acompanhava o Dico em seu trabalho, enquanto ele tirava
ervas das vargens eu ficava pescando até a hora de retornar para a casa. Algum
tempo depois, ainda na década de 1960, João resolveu ir morar na beira do Rio
Iguaçu na localidade de Campina dos Bocós, mais precisamente na reta da raia,
onde ele construiu uma pequena casa para morar. O Dico optou por residir neste
local porque durante o inverno ele extraia ervas que eram abundantes neste
lugar e no verão tirava areia e pedregulho do leito do rio para vender aos
construtores. Sempre que resolvíamos pescar na campina, armávamos a barraca
perto da casa do Dico, e ao entardecer com apenas um arrastão, pescávamos o
suficiente de cascudos para fazer uma boa fritada e levar alguns para casa.
Lembro-me de uma ocasião que junto com meus familiares fomos fazer um picnic
nas margens do Rio Iguaçu, era um Domingo e o Dico não estava em
casa. Enquanto o pessoal catava lenha seca e faziam uma fogueira para assar o
churrasco à sombra de uma frondosa arvore de açoita cavalo eu fui pescar a uns
200 metros rio acima. Já estava a mais de duas horas pescando e ainda não tinha
pego nenhum peixe quando observei um cipó amarrado em um galho ao lado da
barranceira e que descia para dentro do rio. Neste momento imaginei que seria
um covo que o Dico deixou armado neste pesqueiro, era mesmo, e estava cheio de
bagres. Tirei uns 20 peixes e coloquei o covo de volta para dentro do rio,
ainda com muitos bagres dentro. Utilizando uma embira fiz uma freira de bagres
e voltei para o acampamento do picnic me gabando por ter feito uma boa
pescaria. Não demorou muito alguém da turma descobriu que se tratava de peixe
pego em covo, pois eles tinham suas cabeças machucadas ao se debaterem para
sair da armadilha, fui pego na mentira, mas todo bom pescador não se abala. Um
certo dia eu estava pescando quase ao lado do Dico, estava excelente, era um
peixe atrás do outro, parecia que todos os peixes do rio estavam naquele
pesqueiro, mas o que me incomodava muito eram os pernilongos que picavam sem
dó, enquanto isso o Dico parecia não se perturbar com os insetos. Notando que
eu não estava mais suportando os pernilongos o Dico tirou do seu bornal um
pequeno tubo azul que girando sua base como se fosse um batom subia uma
substancia gelatinosa com aroma de limão, disse para mim passar nas partes
expostas do corpo (face, mãos e braços), foi nesta ocasião que conheci o
primeiro repelente de insetos, chamava-se STOPICK, tinha um cheiro muito bom,
mas seu efeito era de pouca duração. Hoje em dia existem muitas marcas como
Repelex, Autam, off, todos menos tóxicos e com ação prolongada. O tempo foi
passando, o Iguaçu foi ficando cada vez mais poluído, deixamos de pescar na
região de Araucária para pescar em outros rios bem mais longe, mas não
poluídos, e assim perdemos o contato com João Durski. Alguns meses atrás
encontrei meu amigo Dario Danúbio Durski, filho de Dico, e nessa ocasião ele me
disse que seu pai está com 86 anos e vive nas margens do Rio Bariguí, Bairro
Caximba no município de Curitiba divisa com Araucária, fui visita-lo e fiquei
muito feliz porque encontrei o Dico gozando de boa saúde e muita disposição. Na
década de 1970 quando o leito do Rio Bariguí foi dragado, Dico adquiriu uma
área de terra que pertencia ao me tio Pedro Szarnecki, que após a dragagem este
terreno ficou para outro lado do rio e pertencendo ao município de Curitiba.
Hoje ele mora entre o Rio Bariguí e um braço de rio morto que resultou da
dragagem, bem do jeito que ele gosta, ao lado da agua. Neste local ele cria
galinhas, carneiros e cabras. No pedaço de rio morto ele tem carpas e traíras
para pescar quando tiver vontade de comer peixe. João Durski, grande amigo e
companheiro de pescarias.
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O braço de rio morto ao lado da casa do Dico onde ele pesca traíras e carpas. |
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Os animais que o Dico cria em sua propriedade. |
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Ele mantem um barco de madeira para fazer limpeza no braço de rio que enche
de entulhos na ocasião que o Rio Bariguí alaga saindo do seu leito. |
Nice Blog...
ResponderExcluirGreat CISCO Certification Training in Central India.
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Boa historia e exemplo do Sr Dico, mantendo-se fiel a seu estilo de vida...
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